Estima-se que este plano tenha impacto sobre mais de 50.000 empresas com operações em Portugal e torne a economia nacional mais forte e competitiva. Conheça as dez medidas condensadas da Estratégia Nacional Indústria 4.0.
Dada a relevância do tema e por termos considerado conteúdo muito interessante, publicamos na íntegra, o artigo original publicado pelo portal online Saldo Positivo, da autoria de Marisa Figueiredo.
A Indústria 4.0 – Estratégia Nacional para a Digitalização da Economia promete mobilizar esforços e financiamento para a transformação digital da economia portuguesa. Com mais de 60 medidas de iniciativa pública e privada, o programa pretende ser uma alavanca à modernização de empresas e ao fomento de competências digitais nos vários níveis de ensino.
Segundo dados oficiais, a estratégia terá impacte em mais de 50 mil empresas a operar em Portugal e permitirá formar mais de 20 mil trabalhadores para a economia digital. Estão ainda previstos “até 4,5 mil milhões de euros de investimento nos próximos quatro anos”, com o Portugal 2020 a mobilizar 2,26 mil milhões de euros de incentivos públicos. Todas as medidas podem ser consultadas, na íntegra, neste documento.
A iniciativa inclui novas linhas de financiamento e crédito, vocacionadas sobretudo para PME, novos ‘clusters’ sectoriais, cursos especializados, consórcios e incubadoras nascidas de parcerias empresariais, assim como a promessa de ‘showcases’ internacionais para promover empresas tecnológicas portuguesas no mundo. Conheça 10 medidas centrais da nova estratégia e tire partido das oportunidades.
Uma estratégia de impacto transversal
A estratégia nacional Indústria 4.0 é o culminar de um trabalho de consulta aos diferentes setores empresariais, iniciado em abril de 2016, com especial atenção às fileiras automóvel, moda e retalho, agroalimentar e turismo.
Multinacionais e associações empresariais juntaram-se ao Governo para identificar necessidades e oportunidades na digitalização da economia. Na resposta, foram selecionadas mais de 60 medidas em seis eixos de ação: Financiamento, Internacionalização, Capacitação de Recursos Humanos, Startup i4.0, Ecossistema de Cooperação e Adaptação Legal/Normativa.
1. Vales i4.0 para micro, pequenas e médias empresas
Dirigido a micro empresas e PME este apoio, no âmbito do Portugal 2020, funcionará num modelo de Vales com vista à adoção de novas tecnologias nos modelos de negócio. Cada vale tem um valor unitário de 7.500 euros, destinados a desenvolver o comércio eletrónico, marketing digital ou ‘softwares’ de gestão fabril, por exemplo. Os Vales i4.0 têm uma dotação global de 12 milhões de euros e vão abranger 1500 empresas que se devem candidatar para esta seleção.
2. Linha de crédito às exportações de PME
Através da PME Investimentos, será lançada uma nova linha de crédito de apoio às exportações de pequenas e médias empresas. A linha permite antecipar as receitas das vendas, a taxas de juro bonificadas. Podem aceder à linha de crédito as “empresas exportadoras de tecnologia inovadora de equipamentos que integram tecnologias 4.0”.
3. 4AC: incubação e aceleração para startups tecnológicas
A 4AC – Industry 4.0 é uma nova aceleradora, incubadora e espaço de prototipagem, exclusivamente para a indústria automóvel. Residente em Matosinhos, resulta de uma parceria entre o CEiiA – Centro para a Excelência e Inovação da Indústria Automóvel, e a Startup Portugal. Este espaço vai apoiar ‘startups’ tecnológicas no desenvolvimento de produtos (‘hardware’ e ‘software’) para a indústria, funcionando como ponte entre empresas, universidades, centros tecnológicos e empreendedores. Com o apoio de multinacionais como a Mitsubishi, Siemens e Volkswagen Autoeuropa, a 4AC é uma das medidas inscritas na Estratégia Nacional para a Digitalização da Economia.
4. Vistos para trabalhadores qualificados
A sua empresa precisa de recorrer a contratação internacional? Nesse caso, esteja atento à política de vistos para trabalhadores qualificados, que é outra das medidas do novo programa estratégico. Neste “reforço da política europeia de vistos para a captação de quadros técnicos”, o objetivo é que colaboradores estrangeiros altamente qualificados, nas áreas de engenharia ou novas tecnologias, possam usufruir de condições de trabalho iguais aos cidadãos nacionais, de condições favoráveis à reunificação familiar e de perspetivas de residência permanente.
5. ‘Learning Factories’ da Indústria 4.0
Aprender em contexto tecnológico. Este é o principal propósito da promoção de ‘Learning Factories’. A iniciativa centra-se no apoio à criação de infraestruturas físicas com equipamentos tecnológicos de ponta, dedicados à formação em ambiente simulado 4.0 e dará continuidade a ações já existentes, como o Fabtec – Laboratório de Processos e Tecnologias para Sistemas Avançados de Produção ou a Introsys Training Academy.
A estratégia para capacitação de recursos humanos para o ambiente digital, onde se inclui esta iniciativa, prevê uma abordagem exaustiva nesta área, incluindo a adaptação da oferta formativa no ensino básico e secundário, novos cursos técnicos, programas de requalificação profissional e formação em literacia digital para diferentes públicos.
6. E-commerce para PME
Na área das vendas ‘online’, os CTT estão a preparar um ‘marketplace’ digital, à escala nacional, disponível para qualquer PME na área do comércio e do retalho. Nesta montra coletiva ‘online’, as empresas poderão ter o seu próprio espaço de ‘e-commerce’ (comércio eletrónico), de forma simplificada. Em alternativa, o projeto CTT ‘E-commerce in a Box’ também prevê a criação de lojas ‘online’ com domínio próprio para as PME que preferirem uma solução individualizada. A iniciativa ainda está em fase de estudo, mas os CTT acreditam que, dado o efeito de escala deste modelo, as empresas possam ter acesso a estas soluções de ‘e-commerce’ a um preço competitivo.
7. Footure 4.0
De forma a modernizar e digitalizar uma das indústrias de maior peso em Portugal, será implementado um roteiro do ‘Cluster’ do Calçado para a Economia Digital, no âmbito do projeto Footure 4.0. Até 2020, o objetivo é que o calçado português se estabeleça como “uma referência fundamental da indústria a nível mundial”. O projeto incide em diferentes áreas, desde a produção (fabrico inteligente) ao contacto com o cliente.
8. Roadshows de robótica
Para as PME industriais, o IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação vai promover um ‘roadshow’ temático dedicado à robótica. O objetivo é inovar os processos produtivos das PME, com integração de robótica, sensorização e automação.
9. ‘Showcases’ internacionais
Sob o nome “Portugal 4.0 Day”, serão criadas montras internacionais de empresas tecnológicas portuguesas em “espaços/locais estratégicos”. Estes ‘showcases’ de um dia vão centrar-se na demonstração de aplicações tecnológicas.
10. Missões Empresariais
As visitas de Estado ao estrangeiro passam a integrar nas comitivas oficiais, de forma constante, as “melhores empresas tecnológicas portuguesas”. O objetivo? Facilitar acordos comerciais junto de outros governos, capitalizar os incentivos à internacionalização da estratégia Indústria 4.0 e garantir a credibilização de empresas nacionais em missões orientadas para a digitalização da economia. Estas missões serão coordenadas pelo ministério dos Negócios Estrangeiros, AICEP e associações empresariais.
O que é a Indústria 4.0?
Também chamada mundialmente de 4.ª Revolução Industrial, a Indústria 4.0 resulta da “transformação digital, com o desenvolvimento de tecnologias ciber-físicas que permitem mudanças disruptivas nos modelos de produção e negócio”, esclarece a estratégia governamental. O documento avança ainda que a Indústria 4.0 se traduz na implementação de estratégias inovadoras ao nível de processo, produto e modelo de negócio, com ênfase num ambiente de colaboração, conectividade e flexibilidade. “Em suma, um modelo de indústria inteligente e conectado”.
Fonte: Marisa Figueiredo, Saldo Positivo.
Imagem: Sapo Tech
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